A difícil arte de fazer um "textinho"
Escrever também exige fórmula, estudo do método e claro, necessita de tempo.
Não é de hoje que trabalhar com a escrita é pouco valorizado, quando falamos da produção textual, a habilidade de escrever é sempre tratada de forma inferior e simplória. “É só fazer um textinho”, “faz aí uma frase rápida”, “cria só uma legendinha”, estas são as frases mais comuns ouvidas por um redator, frases que minimizam a complexidade presente na atividade de escrever e comunicar de forma eficaz.
É por meio da escrita que geramos contextos diversos e criamos até mesmo a inspiração para o desenvolvimento de outras ideias, porém, ainda assim, trata-se a produção textual como o ponto mais simples e rápido do processo de criação. Tudo que se cria tem um tempo de desenvolvimento a ser respeitado. Por que a escrita teria que ser diferente? Espera-se que o cozinheiro prepare um prato, que o advogado analise o processo, mas não se espera mais do que 5 minutos para que um redator escreva algo.
Escrever é mais do que o entendimento da língua e das regras ortográficas, é sobre analisar a linguagem, o público para quem a mensagem se destina, a melhor forma de comunicar e o modo de fazê-lo sem gerar confusão, ruídos ou duplicidade no entendimento.
Reduzir esta habilidade ao diminutivo, de certa forma é reduzir o profissional que a desenvolve e o valor do produto que ele entrega. Ninguém solicita ao arquiteto que faça um "projetinho" ou diz ao químico para ele desenvolver rapidinho uma fórmula para um produto. Então por que nos pedem tanto um "textinho"?
É necessário pensar antes de mais nada que, se escrever fosse só uma questão de apenas conhecer a ortografia, não precisávamos formar profissionais da escrita ou especialistas em redação. Aliás, não precisaríamos nem ao menos contratar estes profissionais, uma vez que qualquer um, que tenha estudado português na escola, pode escrever de forma rápida, correta e usando todos os elementos necessários para uma boa comunicação. Não é mesmo?